domingo, 15 de março de 2009

Câmara da Amadora quer descaracterizar Parque Delfim Guimarães




As duas primeiras décadas do século XX foram de intenso desenvolvimento social e urbanístico na nova Amadora. Esse desenvolvimento foi marcado pela acção de várias personalidades de grande prestígio na região. A Amadora apresenta-se na altura com um equipamento moderno, podemos mesmo dizer que avançado para a época, mas com algum desequilíbrio entre a zona urbanizada e a que se mantinha rural.
As décadas seguintes (de 1920 a 1950) serão marcadas por um acerto urbanístico e pela passagem de um fenómeno de rurbanização a vila, com os equipamentos necessários a essa nova categoria, a que é elevada a 24 de Junho de 1937. A 27 de Junho, o Presidente da República, à época o General Óscar Carmona, visita a nova vila e inaugura o Parque Delfim Guimarães, na altura designado como Jardim-Parque.
Em termos urbanos reforçava-se a Av. Da República como um eixo de um verdadeiro CBD e constituía-se uma rótula de ligação da Venteira à Mina (através da Estação e da Passagem de Nível) e ainda à Av. Santos Mattos (através do Parque).
Como elemento central deste Jardim-Parque, destaca-se a sua pérgula, uma estrutura arquitravada comum a muitas áleas e jardins portugueses, de onde pendem plantas trepadeiras e que se apresentam com um valor de “casas de fresco”. No caso desta, para além das plantas que permitiam as sombras enramadas, tão ao gosto do bucolismo urbano dos anos 30/40 portugueses, também o seu espelho de água confere uma agradável sensação de fresco e remata um desenho de alguma qualidade.
Sabemos que a Câmara Municipal quer intervir, descaracterizando-o, no Parque Delfim Guimarães, em especial ao nível da pérgula, que passará a fazer parte do parque infantil, desaparecendo inclusivamente o espelho de água.




Assim e considerando que:


1º - Uma das questões mais importantes do Património, em especial do Património Tangível é o valor (só é Património aquilo que tem valor, seja ele Histórico, Estético, Arquitectónico, Urbanístico, mesmo Turístico ou Económico). Então, a substituição ou transformação de qualquer elemento patrimonial só é admissível se houver acrescentamento de valor!
2º - Por proposta da Câmara Municipal, foi aprovada em 30 de Junho de 2005 pela Assembleia Municipal a classificação do Parque Delfim Guimarães como Imóvel de Interesse Municipal, de acordo com a lei 107/2001, lei de Bases do património Português, com todos os direitos e medidas de protecção daí decorrentes
3º - Transformar a pérgula do Parque Delfim Guimarães num equipamento da área infantil, equiparando-o a um “escorrega” ou baloiço, é um esbanjamento da riqueza histórica e patrimonial da Venteira e da Amadora, é descaracterizar o Parque, amarfanhar a sua dignidade, é rasgar uma página da História da Amadora que nunca mais poderá ser lida da mesma maneira





O PCP apela a todos os amadorenses, e em especial a todos os moradores da Venteira:



- Usem a nossa capacidade de indignação (essa ainda não nos retiraram…) e nos façam chegar mensagens acerca do assunto através do venteiracfpcp@gmail.com
- Compareçam no próximo dia 19 de Março pelas 21 horas, na Assembleia Extraordinária de Freguesia, onde poderão dizer de vossa justiça, no período para tal destinado por lei

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